O leilão que se segue tem por objeto uma área de floresta designada como Vale do Sousa, e que corresponde, para efeitos da nossa investigação, às duas zonas de intervenção florestal (ZIFs) de Castelo de Paiva e de Entre Douro e Sousa, distribuídas pelos concelhos de Penafiel, Castelo de Paiva e Paredes numa área total de 14 316 Ha. (Mapa 1) Também para efeitos do leilão, assumimos que a Associação Florestal do Vale do Sousa é a entidade responsável pela gestão florestal dessa área florestal, ou seja, essa Associação decidirá e fará a gestão dessa floresta em nome e por delegação dos seus múltiplos proprietários.

Compreensivelmente, uma vez que os proprietários precisam de tirar partido da sua floresta de forma a sustentarem o melhor possível as suas próprias famílias, o seu principal objetivo será maximizar, de forma sustentável, o fornecimento de madeira e de outros produtos florestais que lhes proporcionem o maior rendimento monetário possível. No entanto tal significa que outros serviços de ecossistema atualmente sem valor de mercado, e que provavelmente o Sr. (Sra.), gostaria que fossem fornecidos em maior quantidade (correr ou caminhar, apanhar cogumelos ou frutos silvestres, caçar, observar aves, apreciar a paisagem, etc.), poderão ser desfavorecidos nas decisões de gestão da floresta (mesmo no respeito de todas as regras ambientais e outras que afetam a silvicultura e os proprietários florestais). Isto porque a gestão florestal orientada para esse tipo de serviços sem mercado necessariamente geraria menor rendimento aos proprietários. Se estes decidissem antes orientar a gestão florestal para serviços que o Sr. (Sra.) valoriza mais, mas que os mercados não valorizam, tal teria impacto negativo no rendimento dos proprietários florestais e das suas famílias.
Concluindo, os proprietários florestais, só voluntariamente decidirão orientar-se para os serviços de ecossistema da floresta que o Sr. (Sra.) valoriza mais, mas atualmente sem valor de mercado, sendo monetariamente compensados pela perda de rendimento que tal acarretaria, pela alteração da sua gestão habitual da floresta maximizadora do valor de mercado.
O objetivo final do leilão (simulado), é avaliar a disponibilidade da população local para contribuir na compensação dos proprietários florestais dispostos a mudar a sua gestão no sentido de uma maior produção desses serviços de ecossistema sem mercado.
No leilão, que a seguir se realizará, pedimos-lhe que escolha e licite um de três cabazes alternativos de serviços de ecossistema provenientes da floresta do Vale do Sousa, cada um correspondente a uma determinada forma de gerir a floresta (Planos de Gestão) mais orientada para as preferências da população em alternativa à gestão que normalmente os proprietários decidiriam para a sua floresta tendo unicamente em conta os requisitos legais e os seus próprios interesses e das suas famílias.
Em seguida, apresentamos sinteticamente os referidos três cabazes alternativos (Cabaz 1 a 3) de Serviços de Ecossistema da floresta do Vale do Sousa conjuntamente com o cabaz que resultaria da gestão convencional que se esperaria dos proprietários florestais em circunstâncias normais (sem leilão). Essa gestão convencional conduziria a uma distribuição de espécies florestais na região do Vale do Sousa que levaria a produzir o designamos como Cabaz por Defeito. No decorrer do leilão, terão a oportunidade de comparar essa gestão convencional com a que aconteceria no caso de se vir a implementar qualquer dos cabazes alternativos levados a leilão.
